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Francisco Matturro revela novidades da Agrishow

Será a segunda edição da feira presidida pelo matonense


No dia 11 de março, Francisco Matturro foi homenageado na 20ª edição da Expodireto-Cotrijal (Não-Me-Toque, RS). Seu nome e os de outros honrados integram a ‘Calçada da Fama do Agro’, inaugurada na feira. Vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Francisco presidirá sua segunda Agrishow entre os próximos dias 29 de abril e 3 de maio. Protagonista na vinda da Fatec para Matão, ele divide a conquista com empresários e o poder público municipal. Um dos precursores da Expodireto e da Agrishow, Francisco rumou para São Carlos após ser entrevistado por A Comarca. Foi levar convite para a pessoa que a Agrishow homenageará nesta edição; contudo, não quis informar o nome. “Ficarão sabendo na abertura da feira. Melhor assim”, cita. A seguir, a entrevista com Francisco.

Recentemente, li o livro ‘O Brasil possível: uma biografia de Herbert Bartz’, escrita por Wilhan Santin, que chegou a mim destinado pelo senhor. Qual a importância de Bartz ao agronegócio?

Bartz fez a primeira grande revolução do agro no Brasil, ao desenvolver o Plantio Direto (PD). Acreditou no PD quando todos ainda praticavam o preparo de solo para o plantio convencional. O conheci em 1972 na propriedade dele, em Rolândia (PR). Fui até lá para me informar sobre um sistema novo em desenvolvimento por um pioneiro, que viria a mudar tudo o que era conhecido na agricultura brasileira. Na visita, encontrei um ‘louco’ que não arava, não gradeava e plantava sobre a palha, restos das culturas anteriores. Por isso, ele era considerado ‘louco’. Voltei de lá acreditando que o PD poderia dar certo, mas ao mesmo tempo preocupado, porque todas as fábricas de implementos agrícolas até então instaladas no Brasil tinham suas produções dedicadas ao preparo do solo e plantio convencional, imaginando o que seria da fábrica se o projeto de PD desse certo. Num processo, os agricultores começaram a adotar o sistema.

Quais as outras revoluções do agro brasileiro?

São mais duas. A segunda revolução chegou com a incorporação do Semi Árido do Centro Oeste ao sistema produtivo, só possível com o PD, uma vez que a região é composta predominantemente por solos pobres com ciclo de chuvas definido. Hoje, o sistema de PD conta com aproximadamente 35 milhões de hectares, o que permite o Brasil produzir safras e segundas safras. Tal emprego de tecnologia somente é possível em países de clima Tropical. Concomitantemente à segunda revolução foi criada a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), fundada e implantada pelo então ministro da Agricultura, Allysson Paolinelli, que deu suporte científico e tecnológico ao PD, também na então inóspita região de Cerrados.

E a terceira?

A terceira grande revolução veio com o Sistema de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILP-F), que, iniciado como Projeto Barreirão, passou a ser denominado de Sistema Santa Fé e finalmente em 2006, com o domínio das tecnologias para o Cerrado, ganhou novo nome: Sistemas Integrados de Produção Agropecuária. Trata-se de uma produção contínua que assegura aumento do nível de emprego, estabilidade para os funcionários e renda à cadeia produtiva. Os últimos dados divulgados pela Embrapa dão conta de que o sistema ILP-F já soma 15,5 milhões de hectares. O sistema contempla recuperação de áreas degradadas, recuperação de matas ciliares, de nascentes e de Áreas de Preservação Permanente (APPs), onde mostra que é possível produzir e preservar. O Brasil conta hoje com 66,3% de seu território totalmente preservado.

Que cenário vive o agronegócio neste momento?

O setor cresce 10% em 2019. O Brasil não cresce por crescer; cresce com o avanço da tecnologia embarcada nas máquinas e implementos agrícolas, que não ficam ‘velhos’, mas defasados tecnologicamente. Crescem os setores de máquinas agrícolas, implementos para agricultura e pecuária, irrigação e armazenagem. Crescem todos os setores com avançado nível tecnológico para conectividade, ou seja, as máquinas e implementos que ‘conversam’ entre si. Esta estimativa de crescimento de 10% em 2019 vem sendo divulgada pelas entidades representativas do setor, como Abag, Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Esta perspectiva se confirmou com o fechamento do primeiro trimestre deste ano.

Quais as novidades desta Agrishow?

Uma das novidades desta edição da Agrishow será a apresentação do Banco de Dados Colaborativos do Agricultor (BDCA), que consiste no mais moderno sistema de conectividade hospedado na nuvem, em que uma propriedade pode ter máquinas e implementos agrícolas de qualquer marca conectados, gerando dados e informações ao produtor para que possa tomar a melhor decisão agronômica adequada à sua propriedade. Na Agrishow 2019 teremos de volta um setor inteiro de plots para sementes, defensivos e fertilizantes, além de um setor exclusivo para hortifrutis. As outras novidades ficam por conta dos fabricantes/expositores, que sempre vêm em grande número, uma vez que a Agrishow é o palco dos grandes lançamentos mundiais. Hoje, diferentemente do passado, os novos produtos são apresentados concomitantemente com a Europa e os Estados Unidos. O Brasil, por permitir a se fazer várias culturas por ano, também é campo de validação de produtos para os grandes fabricantes/expositores da Agrishow.

Serão prestadas homenagens?

Sim. O ‘Prêmio Agrishow’ será prestado a uma única pessoa, como em todas as suas edições. O homenageado está escolhido, tratando-se de pessoa ligada à pesquisa, ciência e tecnologia, cujo nome será revelado no dia 29 de abril, às 10 horas, na sessão de abertura oficial da ‘Agrishow - Jubileu de Prata’. No mesmo dia, às 17 horas, será lançado o livro comemorativo a esta data histórica, marcando os 25 anos da Agrishow, que além de fazer um registro histórico, também lança um olhar para o futuro. O autor é Benê Cavechini e a Editora, Meta Livros.

Qual a sua participação na concepção da Agrishow?

O setor queria uma feira para difusão de seus produtos sem competir com shows sertanejos, rodeios, circos e parque de diversões. Enfim, queríamos uma feira de tecnologia, ciência e negócios. Em 1992, visitamos uma feira em Londrina (PR) que, conceitualmente, atendia nossos anseios. Em 1993, a mesma feira foi realizada em Uberaba (MG). Estava aí o embrião da Agrishow, cuja primeira edição foi realizada em 1994, em Ribeirão Preto. Agora, comemoramos a ‘Agrishow - Jubileu de Prata’, prova irrefutável da assertiva do setor.

O senhor foi um dos protagonistas para a vinda da Fatec a Matão.

Juntamos um grupo de empresários matonenses inicialmente composto por Alex Antoniosi (ATA-Antoniosi), Celso Ruiz e Walter Baldan Filho (Baldan), João Carlos Marchesan (Marchesan) e José Reynaldo Trevizaneli (Zezé - Predilecta), que estabeleceu o conceito, o curso e as primeiras ações para pleitear a instalação da Fatec em Matão. Buscamos o professor Luiz Antonio Daniel que, munido dos conceitos básicos, elaborou o Projeto Técnico e a Grade Curricular do curso. Em momento seguinte, junto do prefeito Edinardo Esquetini e de todos os vereadores, foi validado o pleito com o compromisso assumido também pelo Poder Público Municipal. Apresentamos ao então governador Geraldo Alckmin. Em Corpus Christi de 2018, o governador naquele período, Márcio França, anunciou a instalação da Fatec-Matão, sendo o Decreto para autorização do funcionamento assinado pelo governador João Dória no dia 11 de fevereiro de 2019 e publicado no Diário Oficial no dia seguinte.

É fato que o senhor não permitia maledicências à Baldan quando atuava pela Marchesan?

Nem à Baldan, nem a qualquer outro concorrente. O que os Baldan fizeram a vida toda foi trabalhar e serem corretos; portanto, não merecem qualquer tipo de maledicência. Nosso jogo sempre foi jogado no mercado. Com esta concorrência, Matão ganhou o maior parque fabril de máquinas e implementos agrícolas do Brasil.

Qual o caminho para o sucesso de uma empresa do agronegócio?

Para qualquer empresa, o único segredo é a gestão profissional. Ainda que seja gerida por membros da família, estes devem ter qualificação e preparo para os cargos de comando.

PERFIL

Francisco Matturro nasceu no dia 30 de maio de 1948, em Taquaritinga. Ainda bebê, chegou a Matão junto dos pais Antonio e Maria Aparecida e dos irmãos Ricieri, Luzia e Moacir. O caçula, José, nasceu em Matão. Ele e a esposa Maria Helena tiveram três filhos: Fernanda, Fábio e Flávia. O primeiro emprego foi na Baldan, onde trabalhou dos 14 aos 18 anos. Ingressou na Gessy Lever, hoje Unilever, atuando por lá dos 18 aos 22 anos, quando foi trabalhar na Marchesan, de onde saiu em 2009 como diretor comercial. Assumiu a vice-presidência da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) em 2010. Há dois anos preside a Agrishow.


Fonte: Rogério Bordignon


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