Possibilidades de terapias a pacientes com autismo
Equipe multidisciplinar propõe uma visão além do diagnóstico clínico
- Postado por Ingrid Alves |
- quarta, 29 de maio de 2019 | 08:42 hs
Com a mudança na forma de diagnosticar e nomear, toda criança que apresenta características autísticas tem Transtorno do Espectro Autista (TEA). Atualmente tem-se discutido de forma intensa sobre os sinais e sintomas com o objetivo de ampliar o conhecimento em questão e torná-lo público, para que cada criança possa ser diagnosticada o quanto antes e iniciar as terapias necessárias também de forma precoce.
O TEA prejudica principalmente três grandes áreas: comunicação, interação social e comportamental, com variações na forma de apresentação, características diversas, grande heterogeneidade entre um autista e outro. Alguns pacientes não apresentam comunicação, outros falam corretamente; alguns possuem dificuldades escolares, outros, altas habilidades; alguns são dependentes para a realização de suas atividades pessoais, outros conseguem realizá-las de forma independente. O TEA também pode apresentar intensidades, pois existem pessoas com autismo leve, moderado ou severo, e o que torna essa classificação possível é exatamente a intensidade dos sintomas acima descritos.
Considerando essa diversidade e a individualidade das pessoas, as crianças com TEA podem mostrar-se com prejuízo de forma intensa ou não nas realizações de atividades cotidianas, como, por exemplo: na educação, em atividades de vida diária, atividades de vida instrumental, em brincar, trabalhar, sono e descanso, lazer e participação social. Prejuízos estes que podem ser determinados pelas dificuldades relacionadas às habilidades motoras, sensoriais, cognitivas, emocionais, sociais e de comunicação, que impactam diretamente no dia a dia de pacientes e famílias.
Devido à complexidade e abrangência de múltiplas áreas torna-se necessário o trabalho em equipe multidisciplinar, para que assim, recebendo os estímulos e ensinamentos necessários, ou seja, criando e respeitando o plano terapêutico individual, a pessoa possa desenvolver-se e tornar-se inserida socialmente. A equipe pode ser formada por diferentes profissionais que juntos realizam estudos e discussões de casos e decidem quais serão as propostas indicadas para cada paciente, respeitando sua individualidade e o contexto onde está inserido.
A avaliação do paciente é o ponto inicial para planejar uma intervenção que alcance as necessidades em todos os aspectos; tanto as habilidades/potencialidades quanto as dificuldades do paciente precisam ser conhecidas, norteando caminhos para um aprender mais eficiente, em busca do desenvolvimento global da pessoa. Vale ressaltar que a aprendizagem engloba todas as formas de aprender, seja escolar, de situações de vida diária, comportamental, entre outras.
Avaliar o paciente constantemente facilitará o trabalho e a evolução do caso. As intervenções são pautadas dentro de constructos teóricos específicos para cada profissão. Não existe um método único de intervenção ou aquele que pode ser o melhor, mas sim, aquele que serve para aquela determinada pessoa e família e que irá auxiliá-los a alcançar o melhor desempenho e inserção social.
Respeitando cada profissional como parte da equipe, com sua devida importância e sem hierarquias, bem como suas especificidades, as sessões podem ser realizadas nos consultórios ou em ambientes externos – como supermercados, padarias, farmácias – para que o paciente vivencie na prática o ensino das sessões realizadas nas salas das terapeutas quando for possível.
Vale ressaltar que muitas vezes as pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) – sejam elas crianças, adolescentes ou adultos – precisam de estratégias de manejo adequadas para que alcancem o aprendizado das atividades que sustentam a vida cotidiana, portanto, não existe um período ou número de sessões previamente definidas. A equipe pode ser composta de forma dinâmica, com profissionais inseridos em alguns momentos, e para atingir determinados objetivos, como também se retirar quando os objetivos são alterados ou alcançados, tudo dependerá da avaliação contínua da equipe e família.
E, claro, para um melhor caminhar, orientações e discussões com familiares e equipes (terapêutica, escolar, trabalho...) são necessárias e de extrema importância.
DICAS
- Se perceber ou identificar algum desses sinais, procure um especialista da área em questão para iniciar o processo de avaliação.
- A aprendizagem precisa acontecer em pequenos passos, sempre com reforço positivo. As instruções devem ser claras, diretas e simples.
- Usar estímulos visuais para o aprendizado escolar, as rotinas e as regras.
- Falar de maneira consistente, não usar metáforas, palavras com duplo sentido ou com ironia.
- Pessoas com autismo precisam de mais tempo para entender a situação.
- Falar sobre o interesse deles.
- Cuidado com o uso de expressões e sinais sociais, eles podem não entender.
Para finalizar, reforçamos que é fundamental procurar alternativas para um ensino significativo e não esquecer que o processo de aprendizagem de cada pessoa é singular.
Artigo por: Leila Cestari, Renata Constantino e Valéria Abreu
Fonte: Da Redação
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