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Equipe liderada por matonense desenvolve diagnóstico para câncer

A doença que mais mata pode ser detectada ao se analisar a cera de ouvido


No final de 2014, Nelson Roberto Antoniosi Filho, professor doutor da Universidade Federal de Goiás (UFG), foi procurado pela pesquisadora egípcia Engy Shokry (doutora em Farmácia pela Universidade do Cairo) para efetuar estágio de pós-doutorado no Brasil sob a supervisão do matonense. Nelson aceitou e propôs à pesquisadora, especializada em diagnósticos de doenças usando o plasma sanguíneo, o desenvolvimento de diagnósticos clínicos via análise química da cera de ouvido.

“Ao ouvir a proposta, Engy se surpreendeu, pois não conhecia nada na literatura que indicasse o uso da cera de ouvido para tal finalidade”, comenta Nelson. A pesquisadora iniciou seus trabalhos em abril de 2015 e até setembro de 2017 desenvolveu sete trabalhos científicos enfocando diagnósticos de intoxicações por medicamentos e uso de drogas de abuso, bem como o diagnóstico de doenças como o Diabetes Mellitus, todos via a análise da composição química da cera de ouvido.

Nesta última situação, os pesquisadores conseguiram distinguir indivíduos saudáveis de portadores do Diabetes Tipos 1 e 2 simplesmente analisando a negligenciada cera de ouvido. Nelson observou o potencial da técnica e vislumbrou a possibilidade de se diagnosticar câncer em animais e humanos, já que isso normalmente envolve técnicas caras e complexas, as quais conseguem detectar cânceres somente em estágios mais avançados do que aqueles em que se poderiam obter curas mais simples, rápidas, menos traumáticas e de menores custos.

Dessa forma, Engy avaliou a possibilidade de diagnosticar câncer em cachorros obtendo 100% de precisão em única análise, de baixo custo, rápida execução e sem ser invasiva. Ao concluir este trabalho, ela se mudou para Munique (Alemanha), acompanhando seu recém cônjuge, Jair Gonzalez Marques Júnior, que foi aluno de Iniciação Científica e de Mestrado, sob orientação de Nelson. Com a saída dela do projeto, o mestrando João Marcos Gonçalves Barbosa assumiu a tarefa de avaliar se o diagnóstico desenvolvido por Engy seria adequado para a detecção de câncer em humanos.

O trabalho dele demonstrou que também em humanos é possível diagnosticar com máxima certeza qualquer tipo de câncer em qualquer estágio de desenvolvimento usando somente a análise química da cera de ouvido. Tal processo foi denominado pelo matonense como ‘Cerumenograma’. “Assim, a humanidade tem uma forma simples, barata, segura, indolor e de alta confiabilidade para diagnosticar o câncer em estágios iniciais”, assegura Nelson.

O estudo contou também com a participação de médicos otorrinolaringologistas do Hospital das Clínicas da UFG que, sob a coordenação da professora doutora Melissa Ameloti Gomes Avelino, efetuaram a coleta das amostras de cerúmen de voluntários sadios e de portadores de câncer, analisadas pela equipe de Nelson. O pesquisador matonense afirma que o ‘Cerumenograma’ permitirá o aumento dos índices de cura com a consequente diminuição da mortalidade humana.

“Além disso, os sistemas de saúde dispenderão de menos recursos financeiros para o tratamento de doentes e o sofrimento dos pacientes e familiares diminuirá”, continua Nelson, que espera que os órgãos competentes utilizem a metodologia desenvolvida nas redes públicas e privadas de saúde. “Este trabalho foi aceito para publicação na ‘Scientific Reports’ – da renomada revista ‘Nature’ – e poderá ser acessado em breve no site da revista (https://www.nature.com/srep/)”, relata.

ACESSÍVEL

Nelson aconselha que todas as pessoas se submetam ao exame de ‘Cerumenograma’ ao menos uma vez ao ano e que as pessoas com predisposição genética ou com suspeita de portarem câncer o façam com maior frequência. Segundo ele, o ‘Cerumenograma’ será tão convencional quanto um hemograma. “Um médico poderá solicitar a realização de ambos os exames, pois a coleta depende unicamente da retirada de cerúmen com haste flexível com ponta revestida por algodão”, coloca.

A expectativa futura é de que o custo unitário na rede privada esteja na ordem de R$ 400,00 e que o exame seja gratuito na rede pública. Nelson atesta que universidades públicas que possuam cursos de Química e/ou Farmácia poderão executar o ‘Cerumenograma’, pois normalmente possuem condições para isso. “Em Matão, no momento, há equipamentos necessários e infraestrutura adequada para se realizar exames no IFSP-Matão”, diz Nelson, responsável pela conquista desta unidade para nosso município.

Entre os próximos dias 9 e 11 de setembro, Nelson apresentará a pesquisa desenvolvida na Universidade de Cambridge (Inglaterra), uma das mais renomadas instituições de ensino e pesquisa do planeta. O trabalho será mostrado a outros pesquisadores na edição 2019 do ‘Cancer Immunity and Inflammation Conference’. “Esta conferência congrega os principais pesquisadores da área de oncologia do mundo, constituindo-se numa excelente oportunidade para divulgação do ‘Cerumenograma’”, sintetiza Nelson.

Nelson destaca que “a pesquisa por nós desenvolvida proporcionará qualidade de vida e grande economia ao Brasil e demais países do mundo, os quais gastam quantias vultosas com o tratamento de câncer. Isso mostra que financiar pesquisas é investimento e não gasto. Infelizmente, o Brasil parece estar caminhando em direção oposta a essa. Espero assim que o desenvolvimento do ‘Cerumenograma’ possa também ajudar no estímulo à retomada de investimentos em Educação, Ciência e Tecnologia no país”.


Fonte: Rogério Bordignon


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