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Laboratório da Unicamp usa vermes para testar fórmulas para longevidade

Com a sinalização de que a redução drástica da ingestão de alimentos aumenta o tempo de vida, pesquisadores testam no animal como chegar a esse efeito sem causar prejuízos para a saúde.

Foto: Vanderley Duarte / EPTV

Um verme com nome difícil, Caenorhabditis elegans, é um dos principais aliados do Laboratório de Biologia do Envelhecimento, da Unicamp, que investiga formas de aumentar (com qualidade) a longevidade de humanos. A partir de indicativos de que a redução alimentar drástica pode aumentar o tempo de vida das pessoas, os estudiosos de Campinas (SP) passaram a testar neste “bichinho” formas de chegar a este efeito sem que a pessoa precise ser exposta aos perigos de uma restrição rigorosa na alimentação.

“Se submeter a uma restrição de ingestão calórica de até 40% durante toda vida é algo drástico. Isso priva o indivíduo a várias coisas e pode levar a alguns efeitos deletérios. Então não é o ideal a gente prescrever restrição calórica pra todo mundo, apesar das evidências demonstrarem que ela leva ao aumento do tempo de vida e previne contra várias doenças crônicas. Por isso, a gente tenta buscar maneiras de ativar as vias moleculares pelas quais essas intervenções levam ao aumento do tempo de vida, sem que seja preciso de o indivíduo se privar do alimento”, explica Marcelo Moris, professor do laboratório do Instituto de Biologia.

O verme

De acordo com Moris, o uso do verme C. elegans ocorre porque ele reúne algumas características importantes para este tipo de pesquisa. Segundo o pesquisador, ele vive pouco tempo – cerca de 20 dias - o que possibilita observar, após intervenções, as alterações na longevidade dele num intervalo de tempo bem menor que o de humanos.

“Este verme vive muito pouco, cerca de 20 dias. Ele vive em cultura, ele come bactérias, e a gente consegue manipular o verme geneticamente e também aplicar intervenções farmacológicas, dietéticas. Com isso, a gente consegue identificar de maneira precisa quais são os genes, quais são as dietas, que afetam o tempo de vida e a saúde do verme”.

Além disso, outro ponto chave é que a ciência identificou no verme a presença de um gene responsável pelo controle de nutrientes que é o mesmo também presente em humanos.

“Esse gene que foi descoberto é um gene do receptor de insulina. O que foi descoberto é que a molécula que se liga à insulina, quando deficiente, leva a um aumento do tempo de vida”, explicou. Mori conta que ainda não se sabe como seria o formato da dita “fórmula da longevidade. “A gente ainda não sabe se consegue com uma pílula ou com uma molécula mimetizar todos os efeitos da restrição calórica. E esses estudos têm de certa forma esse objetivo”.

Enquanto isso...

Além do laboratório da Unicamp, pesquisadores do mundo todo buscam meios para estender a expecativa de vida, com qualidade e de forma simples. Enquanto esse método não chega, há um consenso:

"Uma alimentação saudável e atividade física são ainda as principais intervenções que levam a uma longevidade saudável, mas um dia a gente pretende encontrar maneiras - que sejam famacológicas ou nitricionais -, que permitam as pessoas viverem mais e principalmente com mais saúde", diz Moris.

A presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria, Maísa Kairalla, compartilha da visão e pondera, ainda, que questões psicológicas e sociais podem afetar nessa conta. "A conta para você envelhecer mais não tem segredo: é poupar para gastar. Então, as pessoas que vivem com mais qualidade de vida, no sentido de fazer mais atividade física, a parte psíquica é muito importante, o engajamento social, a pessoa que tem um vínculo afetivo, a gente sabe que envelhece melhor, e a própria alimentação", fala.

 


Fonte: G1


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