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UFLA desenvolve biorreator para produção de bioinsumos

Equipamento inovador de baixo custo promete transformar a forma como pequenos e médios agricultores cultivam suas plantações

Biorreator pode ser montado por cerca de R$ 1 mil reais, uma pequena fração do custo dos atuais equipamentos similares
Foto: Divulgação

Uma nova pesquisa da Universidade Federal de Lavras (UFLA) desenvolveu um biorreator de baixo custo que promete transformar a forma como pequenos e médios agricultores cultivam suas plantações. Este equipamento inovador é projetado para criar condições ideais ao crescimento de microrganismos, como as bactérias, cuja produção resulta em insumos que podem ser usados como biofertilizantes na agricultura. O projeto “Bioinsumos para a sustentabilidade econômica e ambiental de pequenos e médios agricultores”, financiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), apresenta uma alternativa acessível e sustentável para a produção de alimentos, buscando melhorar tanto a eficiência agrícola quanto a preservação ambiental.  

Esse biorreator, criado pelas pesquisadoras Marcela de Souza Pereira e Sílvia Maria de Oliveira-Longatti, do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo, sob a supervisão dos professores Fatima Maria de Souza Moreira e Teotonio Soares de Carvalho, pode ser montado por cerca de R$ 1 mil reais, uma pequena fração do custo dos atuais equipamentos similares, que podem ultrapassar dezenas a centenas de milhares de reais. Utilizando materiais simples e uma panela de pressão para a esterilização, o biorreator torna possível que os agricultores produzam bioinsumos com bactérias benéficas em suas próprias propriedades, aumentando sua autonomia e promovendo uma agricultura mais sustentável.

Entre essas bactérias benéficas, aquelas capazes de realizar a fixação biológica de nitrogênio (BFN) são as principais aliadas do projeto. Elas desempenham um papel crucial ao transformar o nitrogênio do ar, que as plantas não conseguem usar, em uma forma disponível para uso. Esse processo é especialmente importante para culturas como feijão e outras leguminosas, que abrigam essas bactérias em suas raízes para a obtenção desse nutriente.

Apesar de haver várias estirpes de BFN aprovadas pelo Ministério da Agricultura, muitos pequenos agricultores ainda não utilizam esses produtos. Isso ocorre pela falta de informação, que não gera demanda e, consequentemente, nenhuma oferta no mercado, criando um ciclo que impede sua utilização para uma agricultura sustentável. O projeto da UFLA busca mudar essa realidade, capacitando os agricultores a conhecer os benefícios das BFN e produzir seus próprios inoculantes com essas bactérias, estimulando a difusão do uso desses bioinsumos entre pequenos e médios produtores.

Além do biorreator, os pesquisadores também desenvolveram um meio de cultura de custo acessível para garantir o crescimento saudável das bactérias. Enquanto os meios comerciais custam, em média, 2,50 reais por litro de meio, o novo meio formulado na pesquisa tem um custo surpreendente de apenas 73 centavos por litro de meio. Isso porque são utilizados ingredientes acessíveis como glicerol e levedo de cerveja, que tornam a produção  eficiente e mais econômica.

Para garantir que os resultados fossem válidos em condições reais de cultivo — ou seja, em um ambiente que reflete a realidade dos agricultores — foram realizadas quatro oficinas com agricultores do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) no assentamento Quilombo Grande, em Campo do Meio/MG. Na primeira, os participantes aprenderam conceitos básicos e boas práticas sobre a produção e o uso de bioinsumos. Nas oficinas seguintes, os agricultores aprenderam a fazer seus próprios inoculantes, com o suporte técnico da equipe do INCT Biodiversidade do Solo. “Os resultados foram muito bons: quatro inoculantes foram produzidos por quatro agricultores diferentes, sem contaminação e com uma concentração de um bilhão de células por mL do produto, superando os padrões exigidos pelo Ministério da Agricultura (Mapa). A qualidade desses inoculantes produzidos pelos agricultores no campo foi equivalente àqueles que são feitos em laboratório por profissionais altamente qualificados”, explica a pesquisadora Marcela.

As pesquisadoras explicam que o próximo passo é expandir a produção de inoculantes “on farm” para mais agricultores e testar também com bactérias que atuam no controle biológico de pragas e doenças de plantas. “Essa iniciativa não trata apenas de aumentar a produção de alimentos, mas de promover uma agricultura que respeita o meio ambiente e contribui para a segurança alimentar. Com essas ferramentas, pequenos produtores têm a chance de se tornarem protagonistas de uma mudança significativa na forma como alimentamos o mundo”, destaca Marcela. 


Fonte: Assessoria de Comunicação da UFLA


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