/** PIXELS **/ /** PIXELS **/ A Comarca | ARTIGO: O futuro da citricultura: inovações e desafios


ARTIGO: O futuro da citricultura: inovações e desafios

POR JULIANO AYRES

Juliano Ayres é gerente-geral do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus)
Foto: Divulgação

A citricultura, base da economia de várias regiões brasileiras, em especial no estado de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, está diante de uma oportunidade que pode trazer luz a importantes transformações e avanço ao cultivo de frutas cítricas. Pesquisadores e especialistas de países como Espanha, França e Argentina se reuniram em Araraquara recentemente e apontaram a mecanização da colheita como a grande aliada para os produtores levarem mais produtividade às indústrias de suco.

Parte significativa do custo de produção de citros está na mão de obra. Ignasi Iglesias, diretor técnico e de desenvolvimento do Grupo Agromillora, destacou que a mecanização promete ser uma solução vantajosa: menos esforço humano, maior produtividade. Experiências como a colheita de maçã e outras frutíferas na Espanha, apresentadas durante o encontro promovido pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), mostraram que a iniciativa está dando certo.

O exemplo da Europa demonstra que a mecanização pode ser uma solução viável e assertiva para a colheita de frutas em larga escala, tornando a citricultura mais competitiva e sustentável. Algumas medidas precisam ser tomadas para que seja possível a implementação de máquina na colheita de citros, como:

- Adensamento de plantio – lavouras mais densas e árvores menores resultam em maior produtividade com menos uso de inseticidas;

- Porta-enxertos ananicantes (de menor porte) são mais interessantes, pois tendem a reduzir a incidência do greening, pior doença da citricultura, e recebem melhor as aplicações de inseticidas, além de brotarem menos, restringindo a chegada do psilídeo, inseto vetor da doença, que tem predileção por brotos;

- O processo mecanizado e semimecanizado na citricultura com árvores menores reduz consideravelmente a aplicação de defensivos.

A pergunta que paira na mente de todo citricultor é: como será o futuro desse setor? A resposta está ancorada em três pilares: conhecimento, inovação e sustentabilidade. O desafio é claro: fazer mais com menos. O caminho para isso dependerá das ações individuais e das pesquisas de campo. A ciência será a solução essencial dos citricultores.

É fundamental entender que a Citricultura 4.0 precisa estar adaptada ao greening, doença altamente prejudicial a todas as variedades de citros (laranjas, limões, tangerinas e limas) e que, depois de alguns anos, reduz drasticamente a produtividade e qualidade da fruta cítrica, como o desenvolvimento, a qualidade e o sabor dos frutos. A pesquisa e a ciência terão um papel fundamental, oferecendo soluções a médio e longo prazos para enfrentar os desafios que virão.

Essa prática integra tecnologias avançadas, como a internet das coisas (IoT), inteligência artificial, análise de dados e sensores, o que permite o monitoramento detalhado das plantações. Com informações em tempo real sobre condições climáticas, sanidade das árvores e comportamento de pragas, os citricultores podem agir preventivamente, identificando precocemente sinais de doenças e implementando estratégias de manejo específicas para conter a propagação. A aplicação de tecnologias de precisão não só permite uma resposta mais ágil a doenças, mas também auxilia na implementação de práticas agrícolas mais sustentáveis e eficientes, reduzindo os impactos econômicos e ambientais.

Embora a mecanização na citricultura em países como a Espanha ainda enfrente desafios específicos, como adaptação a diferentes tipos de árvores e terrenos, as experiências globais bem-sucedidas demonstram que essa tecnologia pode transformar e modernizar a produção, tornando-a uma inspiração e modelo para outras regiões produtoras de citros ao redor do Brasil.

O futuro da citricultura global e nacional será moldado pela capacidade de inovar, adaptar-se a desafios emergentes, abraçar práticas de proteção ambiental e responder às expectativas dos consumidores, transformando a indústria em um modelo mais resiliente, eficiente e responsável.

 


Fonte: Juliano Ayres, gerente-geral do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus)


  • Compartilhe com os amigos:


Deixe um comentário



Comentários