Fruta: O limão resiste!
Pomares são reforçados por manejo fitossanitário e nutricional que garante a qualidade da produção
- Postado por Natali Galvao |
- terça, 06 de maio de 2025 | 14:05 hs

Victor Hugo da Silva, no Sítio Alvorada. São 20 mil pés de limão-taiti em 60 hectares
Foto: Eliana Saraiva
Já faz alguns anos que o cultivo de limões e limas vem crescendo no Brasil. Segundo a FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, em 2022 (ano do último levantamento divulgado), o Brasil superou Bangladesh e alcançou o 4º lugar em área plantada no mundo, atrás apenas de México, China e Argentina. Quanto à produtividade, o Brasil é o que obtém o maior rendimento médio: 26 toneladas por hectare (em 2022), bem acima da maioria dos concorrentes.
Segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, de 2018 a 2023, a cultura do limão no território brasileiro apresentou 52.784 hectares de área colhida, 1.481.322 toneladas produzidas e um rendimento de 28,06 toneladas por hectare. Neste levantamento, a região Sudeste liderou com 1.278.848 toneladas produzidas, seguida por Nordeste (97.389 t), Norte (57.359 t), Sul (35.135 t) e Centro-Oeste (12.590 t). Essas quantidades aumentam ano após ano, demostrando que a cultura do limão em território brasileiro possui boas perspectivas para o futuro.
Dados da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo revelam que o Noroeste Paulista é um dos maiores polos produtores de limão do mundo, com mais de 3 milhões de pés. Segundo o IEA – Instituto de Economia Agrícola, vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, a produção paulista de limão em 2023 atingiu 1,2 milhão de toneladas, representando quase 10% do total das 14,5 milhões de toneladas de frutas produzidas no Estado.
Dados do IEA também apontam que, nos últimos 20 anos, a produção mundial de limão aumentou 66% e as exportações da fruta fresca, 55%. Os principais países exportadores são Espanha, Argentina e México, e os principais importadores são Estados Unidos, Alemanha e França. No Brasil, ainda que as exportações estejam crescentes, boa parte da produção é comercializada para países da Europa, sendo enviadas para França, Alemanha e Inglaterra mais de 70 toneladas de limão.
A partir da cotação elaborada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP), de Piracicaba, a caixa de 27,2 quilos (padrão no atacado) chegou a R$ 33,00 no exterior, em 2019. Já em 2023/2024, no Brasil, essa mesma caixa era vendida a R$ 26,60. No mercado paulista, os preços do limão-taiti aumentaram em março devido à alta demanda e às condições climáticas – especialmente as chuvas irregulares durante a colheita, que afetaram a oferta do produto. No entanto, para abril, espera-se um crescimento no volume ofertado.
EM MATÃO
O cultivo do limão-taiti se constitui numa importante opção de renda no Sítio Alvorada, em Matão. Entre pavões, marrecos, galinhas e outros animais, o local possui 60 hectares com plantio de 20 mil pés de limão. O que motivou a cultivo da fruta, há praticamente 30 anos, foi o fato de que ainda prevalecia na região a cultura da laranja, e a família proprietária do sítio – que já tinha apreço pela citricultura – optou pelo limão por ser um fruto mais bruto e resistente a pragas como o greening. “O limão é a paixão da família”, cita Victor Hugo da Silva, engenheiro agrônomo e gerente agrícola do Sitio Alvorada, atuante na propriedade há 11 anos.
De acordo com Victor Hugo, 85% da produção de limão-taiti do Sítio Alvorada atende o mercado internacional, com exportação para União Europeia e Rússia. “Vendemos a fruta para barracões regionais, que são responsáveis pelo beneficiamento e exportação dos limões. Para tanto é preciso seguir o padrão de qualidade exigido quanto ao calibre, tamanho e cor da fruta. Por essa razão é necessário o manejo fitossanitário e nutricional, o qual realizamos por pulverização quinzenal”, explica o engenheiro agrônomo do Sítio Alvorada, que possui aproximadamente 30 colaboradores envolvidos na manutenção do pomar. O manejo de poda é realizado de forma manual e mecanizada, assegurando a qualidade da planta para melhor fotossíntese.
“Primamos pelo manejo fitossanitário biológico constante, em razão até mesmo das exigências de exportação e preservação ambiental. Temos preocupação permanente com o greening e o cancro cítrico, dentre outras pragas e, por essa razão, primamos pelos cuidados já citados – incluindo o manejo de cobre, uma vez ao mês, em cumprimento a exigência da União Europeia. Tudo isso se constitui num diferencial do Sítio Alvorada, sobretudo em relação às questões ambientais e à qualidade da fruta. Um pomar de limão com manejo bem feito produz entre janeiro e dezembro”, explana Victor Hugo, assegurando que a colheita – manual – é realizada durante todo o ano.
PRODUTIVIDADE
“Aqui no Sítio Alvorada, a produtividade é alta: cerca de quatro caixas de 27,2 quilos, o equivalente a 109 quilos de frutas colhidas por planta/ano. Conseguimos um preço médio acima da média geral do mercado devido ao manejo fitossanitário e nutricional e ao manejo nutricional e fisiológico, que fortalecem nossos pomares de maneira efetiva. O Sitio Alvorada entrega anualmente cerca de 35 toneladas de limão-taiti. Com a base de 27,2 quilos (peso da caixa) vezes quatro caixas de frutas colhidas, temos 109 quilos, que multiplicados por 320 plantas/hectare resultam nas aproximadas 35 toneladas”, calcula Victor Hugo.
A produtividade no cultivo do limão depende de vários fatores, como o solo, o clima, o espaçamento entre as plantas, a irrigação e a polinização. “O pé de limão-taiti começa a produzir depois de três anos do seu plantio, sendo que a época da floração tem início nos meses de setembro e outubro. Após quatro meses já é possível começar a colheita e a grande vantagem é que cada arvore poderá produzir até 100 quilos de frutas. Com certeza, é uma cultura de bons resultados”, finaliza o engenheiro agrônomo.
A origem da fruta
O limão-taiti é uma fruta tropical que surgiu do cruzamento entre o limão-siciliano e a lima-da-pérsia. O nome é originário da ilha de Taiti, na Polinésia Francesa, de onde as sementes da fruta foram trazidas para a Califórnia (Estados Unidos) por volta de 1875. No Brasil, o limão-taiti chegou em 1913, quando sementes foram importadas do Taiti. De acordo com a Ceagesp, o cultivo desta espécie de fruta se expandiu rapidamente no Brasil, especialmente nos estados de São Paulo e Minas Gerais.
Em razão do cruzamento entre o limão-siciliano e a lima-da-pérsia, o limão-taiti possui características únicas e a classificação como lima-ácida. Outras particularidades da fruta é ter casca fina e verde; é refrescante e sem sementes; é fonte poderosa de Vitamina C; é muito utilizada na culinária como tempero para peixes, frutos do mar, carnes de embutidos, aves e saladas. Além disso, possui inúmeras propriedades benéficas para a saúde, como a alta concentração de Vitamina C, que ajuda a fortalecer o sistema imunológico do organismo. Também é fonte de potássio, magnésio, cálcio e fósforo.
Fonte: Eliana Saraiva
Comentários