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David Liesenberg passa a ser Cidadão Matonense

Honraria solicitada pelo vereador Carmo é prestada na noite desta sexta-feira (12)


Por meio do Projeto de Decreto Legislativo nº 02/2019, de autoria do vereador João Silvério do Carmo Filho, David Liesenberg recebeu na noite de sexta-feira (12), em Sessão Solene na Câmara Municipal, o Título de ‘Cidadão Matonense’. “David entra para a lista dos que honorificamente receberam a outorga pelo seu trabalho de pesquisa sobre a vida de um nobre personagem que tanto fez por nosso município e pela Causa Espírita”, resume Carmo.

“Trata-se do saudoso Cairbar Schutel, que ainda permanece vivo, pois se um homem passa sua vida fazendo o bem, se imortaliza nas suas obras caridosas. De forte estirpe – afinal, Cairbar quer dizer ‘homem forte’ –, Schutel teve uma farmácia, a Drogaria Schutel, que ainda lá está, no mesmo lugar: esquina da Rua Rui Barbosa com a Avenida 28 de Agosto”, continua o vereador.

Paulistano nascido no bairro da Mooca, em 9 de setembro de 1962, David é filho do saudoso Conrado e de Thereza dos Santos Liesenberg e irmão de Regina Maria. Formou-se em Economia na Universidade São Judas Tadeu (São Paulo, 1990) e em Jornalismo na Uniara (Araraquara, 2009). Conheceu o Espiritismo por meio de um amigo da família na adolescência.

Contudo, foi somente na década de 1990 que David iniciou os estudos espíritas, passando a dedicar-se intensamente aos trabalhos doutrinários e assistenciais no Núcleo Assistencial Espírita Paz e Amor em Jesus (bairro do Tatuapé, São Paulo). “Além dos estudos espíritas, passei a desempenhar funções sociais neste núcleo, visitando muitos bairros periféricos de São Paulo e adjacências”, lembra David.

O casamento com Sônia Bergman aconteceu no dia 4 de abril de 1998. Dois anos depois, em maio de 2000, o casal foi para Estocolmo (capital da Suécia), local em que Sônia nasceu. “O pai dela, Olof Gustaf Bergman, é sueco, e a mãe, Cidinha Bergman, é brasileira; portanto, minha esposa tem dupla nacionalidade”, conta David.

Na Suécia, o casal trabalhou ativamente para divulgar a doutrina espírita junto com os familiares que haviam iniciado o movimento nas terras escandinavas na década de 1970. David é membro fundador da Svenska Spiritistiska Förbundet (União Espírita Sueca). Integrando o movimento espírita mundial junto ao Conselho Espírita Internacional (CEI), foi responsável pelo Departamento de Pesquisas Históricas no CEI-Europa.

Após seis anos na Europa, estabeleceu-se em Matão a partir de janeiro de 2006, onde vive até hoje. Atualmente, David atua como analista de Relacionamento do H Saúde. Começou a escrever o livro ‘O imortal Cairbar Schutel’ em março de 2008, sendo a obra apresentada em agosto de 2018 pelo Instituto de Difusão Espírita (Editora IDE) e lançada oficialmente em Matão no Encontro Anual Cairbar Schutel (EAC) em setembro do mesmo ano. Sobre sua obra e sua Cidadania Matonense, David foi entrevistado por A Comarca.

Como surgiu a vontade de escrever um livro sobre Cairbar Schutel?

Desde quando cheguei a Matão, inspirado pela atividade no Departamento de Pesquisas Históricas em que atuei em Estocolmo, a obra de Cairbar Schutel já me causava admiração. Decidi cursar Jornalismo e optei por desenvolver um livro-reportagem biográfico sobre ele, percebendo o desconhecimento do público sobre quem era exatamente este grande personagem, que em 2008 já denominava um hospital psiquiátrico em Araraquara, uma avenida e um Centro Espírita em Matão, bem como outros locais pelo Brasil. Esta vontade de escrever o livro passou a ser o meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na Uniara, orientado pelo professor mestre Luiz Carlos Messias, tendo a participação da professora mestre Elivanete Zupollini Barbi. Este TCC foi diagramado por mim e resultou num livro com 176 páginas; porém, minha pesquisa continuou, sendo concluída em 2018, quando o IDE resolveu publicá-la.

Quantas páginas tem seu livro?

‘O imortal Cairbar Schutel’ tem 240 páginas. A capa foi desenvolvida por César de Oliveira. O Posfácio explica o motivo pelo qual não há Prefácio. Resumo isso pelo fato do ex-presidente da Federação Espírita Brasileira (FEB), o saudoso João Nestor Masotti – incentivador da publicação da obra – ter desencarnado antes de escrevê-lo.

Qual o teu propósito com o livro?

Meu ensejo é de que esta obra inspire outras pessoas a seguirem os exemplos de amor, caridade e trabalho deixados por Cairbar Schutel, para todas as pessoas, de todos os credos religiosos. Visa também resgatar o nome de um espírita que abriu caminhos no Brasil para a divulgação da doutrina codificada por Allan Kardec em 1857. Por meio do Jornal ‘O Clarim’ e da Revista Internacional de Espiritismo (RIE), Schutel propagou a doutrina, enfrentando preconceitos e contrariedades de diversas naturezas. Com muita prudência, procurei ser assertivo ao abordar o conflito, contextualizando a realidade da época e a moral opressora que imperava na Igreja Católica, imposta pelo Concílio de Trento, ao passo que o leitor sai esclarecido e sem riscos de cair em anacronismos.

Mas as coisas mudaram.

Mudaram. Vejam que situação curiosa: quem solicitou o meu título de Cidadão Matonense ao vereador Carmo foi o seminarista católico João Pedro Gregório da Silva, atualmente estudando e atuando no México. João Pedro, agora amigo meu e de minha esposa, considerou a relevância do livro e a dissipação do conteúdo em alguns países, como Suécia, França, Áustria, Espanha, Estados Unidos e Canadá. A tradução em espanhol feita por Johnny Moix deverá levar a obra para mais países. Hoje, as religiões dialogam respeitosamente. Não há disputas de poder. A meta é o bem, a paz e o entendimento. Essa amizade com o querido João Pedro está mostrando isso.

É seu primeiro livro? Outros virão?

Sim. Tenho recebido muitos incentivos daqueles que leram ‘O imortal Cairbar Schutel’. Isso me motiva a seguir o estilo de texto para futuros livros-reportagens. A literatura espírita é muito conhecida e apreciada pela utilização de autores espirituais, que escrevem por meio dos médiuns. O livro-reportagem é uma obra factual com uma narrativa romanceada que tem agradado as pessoas. Para novos livros, penso em alguns personagens contemporâneos e também em outros cronologicamente mais distantes. Quanto mais distante no tempo, mais desafiadora é a pesquisa.

Quantas obras e pessoas você consultou para escrever sobre Cairbar Schutel?

Por se tratar de uma pessoa que desencarnou no dia 30 de janeiro de 1938, encontrei poucos testemunhos vivos. Assim, pesquisei em diferentes bibliotecas, como a Imperial em Petrópolis (RJ) e também a Hemeroteca da Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro). Pesquisei em cartórios, lugares em cidades onde ele atuou. Coletei depoimentos em periódicos franceses em que ‘O Clarim’ e a RIE foram mencionados. Também pesquisei em ‘O Clarim’, em obras dos saudosos Adail Pedro (Sabiá) e Azor Silveira Leite, sendo que coletei informações transcritas de A Comarca em livros de Azor.

Qual o sabor de pesquisar?

Pesquisar é fazer uma viagem onde o conhecimento se enriquece em cada oportunidade. No caso da pesquisa histórica, é reencontrar pessoas, fatos e costumes que integraram outro tempo, tornando esta viagem mais saborosa. O brasileiro deveria conhecer com mais profundidade e valorizar os passos daqueles que nos antecederam. É triste ter conhecimento de pessoas que não valorizam a história de uma cidade, de um povo; é entristecedor também ver prédios sendo carcomidos pelo tempo, sem a atenção e atitudes necessárias.

Em sua opinião, qual o maior legado deixado por Cairbar Schutel?

Foi a sua convicção na imortalidade da alma e a sua fidelidade a Jesus. A convicção na imortalidade foi o combustível para mantê-lo irredutível na caminhada. Com todas as dificuldades e percalços, seus ideais se mantiveram sempre elevados, conectados com a espiritualidade superior. Esse legado, ele mesmo fez questão de deixar registrado em seu epitáfio, por intermédio de comunicação mediúnica logo depois de sua morte: “Vivi, vivo e viverei, porque sou imortal”. A fidelidade a Jesus, ele expressava na sua humildade, no seu desinteresse pelas coisas do mundo, no seu coração totalmente ligado ao bem. Dedicou-se ao próximo curando os enfermos do corpo e da alma, sem distinção. Com o magnetismo dos grandes homens, Cairbar aglutinou uma fiel equipe de trabalhadores que não somente o acompanharam durante sua estada terrena, como deram continuidade à sua obra depois de sua desencarnação em 1938.

Há algo mais que gostaria de destacar sobre o biografado?

Gostaria de mencionar alguns exemplos deixados pelo grande Cairbar. Ao conhecer o Espiritismo, Cairbar passou a divulgá-lo nos seus periódicos, distribuindo-os em cemitérios, trens, enfrentando seus opositores com inteligência e maestria. Preocupado com os menos favorecidos, Cairbar também construiu barracos no terreno de sua casa para abrigar desamparados, doentes e miseráveis. Ele não somente acolhia, mas ajudava a alimentá-los, por vezes sentando-se à mesa junto com seus assistidos. Colocou sua farmácia à disposição dos mais necessitados, atendendo e medicando sem exigir nada em troca. Não à toa, foi considerado o Pai da Pobreza. E tem mais: Schutel amava os animais, protegia-os, tratando-os como irmãos menores que mereciam atenção e carinho. Cairbar foi grandioso no exemplo cristão. Ele não se deixou vencer pela vaidade nem pelo orgulho, pois que se manteve – repito – fiel a Jesus.

Qual é o significado desse título de cidadania matonense?

Aprendi a amar essa cidade. Tenho amizades que considero verdadeiras. Adoro o meu local de trabalho. Respeito e sou respeitado pela maioria das pessoas com quem convivo. Claro que ninguém é perfeito, mas o meu círculo de relação é prazeroso, saudável. As imperfeições me desafiam a me tornar uma pessoa melhor e essa é minha bandeira para que esse esforço seja benéfico não somente a mim, mas a todos que comigo convivem. Sinto alegria em viver nessa ‘Matão de meu Deus’, que me acolheu há mais de 13 anos, assim como sofro e me entristeço com os seus problemas. Quero ser parte da solução, daqueles que entendem que somente numa sociedade civilizada todos ganham. O título de Cidadão Matonense não mudará a minha conduta, mas trata-se de um voto de confiança da cidade à minha pessoa. Assim, encaro esse título de cidadania como um aumento de responsabilidade, que pretendo honrar, assim como o carioca Cairbar Schutel honrou. Por tudo isso, sou agradecido. E peço a Deus que abençoe a todos, de todas as crenças, de todas as classes e raças!


Fonte: Rogério Bordignon


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