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ARTIGO: Dia de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes

POR SONIA MOREIRA

Sonia Moreira. "Nossas crianças e adolescentes são seres em formação e, portanto, devem ser protegidos da violência em suas diversas formas"
Foto: Divulgação

O dia 18 de maio foi instituído pela Lei Federal 9.970/2000 como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Contra Crianças e Adolescentes, com o objetivo de sensibilizar a sociedade brasileira, convocando a todos para o engajamento na luta pelos direitos das crianças e adolescentes e pelo fim da violência sexual.

Quando ouvimos falar em abuso sexual infantil, somos tomados por diversos sentimentos: asco, indignação, revolta, raiva, desejo de retaliação, piedade pela vítima, medo. Esses sentimentos podem tanto nos mobilizar, quanto nos paralisar. Essa espécie de paralisia é provocada pelo choque que esse assunto acarreta para muitas pessoas.

É como se houvesse uma sobrecarga emocional que leva a um blackout de nossas reações. Desa forma, corremos o risco de cairmos na indiferença, como se isso não tivesse nada a ver conosco. Enquanto ficamos ‘desligados’, milhares de crianças e adolescentes continuam sendo vitimizados de forma insidiosa.

Segundo pesquisas, 80% dos casos de violência contra crianças e adolescentes ocorrem na residência da vítima. Ou seja, nossas crianças e adolescentes estão sendo violentados onde deveriam sentir-se mais seguros. Os agressores são, na maioria das vezes, pai, padrasto, tios, irmãos, avós, amigos próximos. Esses laços familiares acabam por gerar pactos de silêncio, encobrindo os abusos, podendo perpetuá-los por muito tempo.

Na vítima, os danos são enormes e devastadores. Os sentimentos despertados podem ser: medo, raiva, vergonha, desejo de vingança, solidão, abandono, humilhação, ambivalência (amor e ódio ao mesmo tempo). Ao longo da vida, as consequências mostram-se extremamente danosas: depressão, baixa autoestima, atraso no desenvolvimento intelectual e emocional, retraimento social, inibição de sentimentos, bloqueio ou exacerbação da sexualidade, abuso de álcool e outras drogas, ideação suicida ou mesmo a consumação do suicídio. A vítima de abuso se vê aprisionada, especialmente pelo medo e pela vergonha, e esses sentimentos podem acompanhá-la pelo resto da vida, caso não seja devidamente acolhida e tratada.

Na contemporaneidade, observamos um outro comportamento que virou rotina e pode estar ligado a situações de abuso: a superexposição de nossas crianças e adolescentes às mídias em geral, sem a supervisão de adultos responsáveis. Tendemos a achar que eles dominam todas as informações e, consequentemente, devem saber julgar e se defender diante de postagens, comentários e até mesmo convites envolvendo a sexualidade. Mas a realidade não é essa.

Eles, por mais que demonstrem ‘expertise’, não têm amadurecimento emocional para gerir tantas informações e estímulos a que podem estar expostos. Isso faz com que se tornem presas fáceis, especialmente nos casos de abusos cibernéticos. Ou seja, por mais que demonstrem extrema habilidade com o mundo virtual, ainda não sabem lidar com os perigos reais que essas situações podem acarretar. Lembrando que a exposição de crianças e adolescentes a materiais e conteúdos pornográficos configura crime e, como tal, deve ser denunciado e combatido.

Independentemente da era em que estamos inseridos e de todas as transformações sociais que vivenciamos, uma realidade permanece: nossas crianças e adolescentes são seres em formação e, portanto, devem ser protegidos da violência em suas diversas formas.

* DENUNCIE, ligando para o número 100, se você souber de algum caso de violência contra crianças e adolescentes, seja ela de qualquer natureza. A sua atitude pode ajudar a reverter os índices de violência contra crianças e adolescentes e salvar vidas.


Fonte: Sonia Cristina Paiva Moreira é psicóloga


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